terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Pré Lançamento do Filme do Sabotage: E até os vidros se foram…

Na minha adolescência escutava muito Rap Nacional. Era na fita mesmo que eu gravava dos amigos e colocava no walkman. Quando queria alcançar uma determinada faixa do álbum, colocava a caneta ou o dedo no buraco da fita e girava. Era um saco! Na época, aderira a moda da calça larga, camisa larga e um tênis super grande. EU era um “mano”. Tá certo que esse estilo me resultou diversas abordagens policiais, mas era muito interessante.


No meu “radinho de pilha”, tocava Facção Central,509-E, RZO,Racionais, Naldinho, Espaço Rap e Sand e Junior. Eu sei que você se perguntou agora e fêz uma cara de “AAAHH??”. Mas é sim, adorava “Quatro Estações” e outras que quando ouço, me lembro dessa época. É claro que eu me resolvi quanto a demonstrar meus gostos e não tenho mais problemas quanto a isso!


Nesse final de semana soube que o Sabotage, outro que também tocava no meu radinho, também gostava da Sandy cantando. Durante a minha adolescência tinha problemas em dizer que gostava de algumas coisas e ser tirado do grupo que eu frequentava, mas a vida seguiu e hoje não tenho problemas de dizer do que eu gosto ou deixe de gostar. Por falar em coisas que não gosto, eu não gostei da produção do pré lançamento do  filme O Maestro do Canão que conta sobre o Rapper Sabotage. Sinceramente, estava uma porcaria!


O evento aconteceu no  Auditório do Ibirapuera – Oscar Niemayer no dia 23 de Janeiro em São Paulo. Logo que cheguei, observei que o lugar era lindo. Arquitetura impecável, porém, o rol de entrada estava lotado. Olhando o biotipo das pessoas que lá estavam, eram em sua grande maioria, gente negra e pelo jeito de se vestir, do Hip Hop. Havia muitos seguranças na escada que dava acesso à sala de exibição e constatei que por lá, a maioria das pessoas que passavam eram de de pele clara. Estava lotada a casa, a estimativa de público era de 800 pessoas, mas no dia haviam 4000 pessoas segundo os dados das mídias oficiais e em pergunta aos que ali esperavam ver o filme motivados pela esperança de uma segunda sessão, haviam pessoas que ficaram desde a manhã esperando por entradas.


A leitura é simples. Um ídolo negro e expoente das ações do movimento negro com seu filme exibido no centro de São Paulo e com distribuição de ingressos fora do horário que os, também negros que habitam o território onde o Sabota foi criado e feito gente, bandido e rapper, não poderiam de fato, ver. Novamente, quando a cultura negra toma um status de notoriedade no mercado da industria cultural ou nas convenções, os próprios negros são excluídos em todas as instancias (geográfica, econômica, cultural e social).



Dessa forma, não ficou pedra sobre pedra que não fosse derribada. O rol do espaço lindo foi tomado por fumaça de gandja e peles pretas. Sabota se revirou na tumba e até o vidro se partiu e se foi como o véu do Templo Judaico depois da morte do Mestre Senhor…

Fotos do Evento:

obs: Fotos tiradas no rol de entrada e essa é a quantidade de gente que não conseguiu entrar na sala de exibição








Um video do momento:

domingo, 18 de janeiro de 2015

Como aproveitar a nota do Enem no Sisu??

Basicamente hoje dá pra perceber que o SISU foi feito pra todos os outros estados do Brasil, menos para o Estado de São Paulo. Basicamente somos o Estado com menos unidades de ensino inscritos no Sisu e sem contar que os cursos não atendem todas as demandas quanto a campos de estudo e ser muito poucos cursos.

Hoje me inscrevi no Sisu, basicamente alguns segundos antes de começar a escrever esse texto. Mas não é pra meter o pau nesse Estado, que na boa, se algo tem de pior no Brasil, é o Estado de São Paulo. Esse Estado, além de manter  por quase um século uma política direitista e totalmente excludente, tem o pior modelo de gestão pública do Estado Federativo. Mas, surge a pergunta: Quê fazer com a nota do Enem?

Entre outras coisas como jogar no lixo se você zerou a redação, dizer que o cachorro comeu o seu resultado ou até dizer que perdeu o número de inscrição ou senha, você pode prestar uma universidade pública e por mais incrível que pareça, qualquer pessoa com qualquer nota pode passar no sisu, isto é,  SE O OGRO NÃO ZEROU A REDAÇÃO É CLARO! Mas, pra alguém que tirou a nota mais pulha de todas e com ela já passou por vários cursos universitários e passou em umas 4 ou 5 universidades públicas e incontáveis vezes em prounis e programa Escola da Família, acredite, a coisa mais fácil que tem é ter uma bolsa de estudos pra cursar uma graduação!

Mas, vamos tentar manter o foco e responder a pergunta!

Se você é um ogro como eu que nunca tira uma nota que preste, e isso eu digo os 450 à 550 da vida, claro, digo isso por que se você tira menos que 500, acredite, você pode também prestar uma graduação, mas vamos fazer o recorte (obs: não é que você pode fazer uma graduação, que você deve fazer uma graduação. No teu caso melhor voltar pra escola e estudar como se deve por que é lamentável!) satisfaça com as matérias nas áreas de humanas e exatas nos seus macro campos como História, Filosofia, Letras, Pedagogia, Linguística, Geografia, Física, Matemática, etc. Não que sejam ruins esses cursos, muito pelo contrário, são muito bons, mas por causa da mudança do mundo do trabalho e os padrões sociais, esses cursos são pouco procurados.

Mas e se o ogro quer fazer engenharia, medicina ou direito?

Eu sugeriria que voltasse a estudar, mas se mesmo assim você quer, faça o seguinte cálculo, isto é, se você consegue calcular ou se tem um pouco de raciocínio lógico: quanto menor a nota, mais você vai ter que andar. As universidades de Estados do Nordeste e Norte tem uma concorrência muito menor e com certeza um ogro que tirou 550 no Enem vai conseguir passar num curso de graduação desses de maior procura, num destes Estados.

Salvo algumas exceções, essa é basicamente a regra para quem quer se graduar numa universidade pública e boa sorte!!!



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

PARTILHA DA EXPERIÊNCIA NO WORKCENTER OF JERZY GROTOWSKI AND THOMAS RICHARDS Coordenação: Luciano Matricardi





Em dois momentos, o ator Luciano Matricardi compartilha sua pesquisa de mestrado sobre a noção de performer em Jerzy Grotowski e suas experiências no Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards, na Itália, onde fez residência artística por meio do Edital Conexão Cultura Brasil Intercâmbios, do Ministério da Cultura.

Ator e pesquisador, Luciano Matricardi é formado em Artes Cênicas pela UEL – Universidade Estadual de Londrina e mestrando em Artes Cênicas pela Unirio – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Possui também experiência como diretor e professor de teatro e produtor cultural.


WORKSHOP: O TRABALHO DO ATOR E A TRADIÇÃO RITUAL – CONSTRUINDO A AÇÃO ATRAVÉS DA MEMÓRIA
21 e 22/01 – quarta e quinta-feira – 18h às 22h
Público: atores, bailarinos e interessados na área a partir de 16 anos
Inscrições: 13 a 19/01
Seleção: carta de interesse
15 vagas

O workshop apontará possibilidades de refinamento do trabalho pessoal dos participantes, a partir de alguns princípios técnicos como: elaboração dramatúrgica, criação de uma estrutura precisa de ações, trabalhos sobre impulsos psicofísicos, organicidade e memória, além de fornecer uma introdução aos cantos de tradição como ferramenta para o “trabalho do ator sobre si”.
Cada participante deverá apresentar uma cena breve, de 3 a 5 minutos, preparada previamente. O texto da cena é de escolha do atuante, mas deve ter alguma importância pessoal, algum desejo que o motive a utilizá-lo. Preferencialmente também deve conter canto, uma canção que seja da tradição do participante, da sua região, ou de sua memória pessoal/ família.


PALESTRA: O PERFORMER DE JERZY GROTOWSKI – RITUAL, TRADIÇÃO E SUBJETIVIDADE
23/1 – sexta-feira – 19h às 22h
Público: interessados no tema

A palestra abordará a última etapa de investigações do diretor teatral Jerzy Grotowski: denominada “Arte como Veículo”, é voltada essencialmente ao “trabalho do ator sobre si”, utilizando elementos e princípios performativos tradicionais e rituais, como os cantos africanos e da diáspora. A explanação será permeada pelos relatos da vivência do ator durante a residência artística no “Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards” realizada entre Novembro e Dezembro de 2014.

Link para a página da Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda:
http://www.oficinasculturais.org.br/programacao/ver.php?idoficina=20



Informações e Inscrições:
Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda
Rua São Paulo, 745 – Centro, São Carlos/SP
Telefone: (16) 3372-8882 / 3372-9624

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A arte que se faz hoje

Como nos velhos tempos, voltaram as reflexões artísticas seguidas de pitadas dionisíacas de bohemia e nisso passa a fazer sentido pequenos trechos lidos ou vistos e até, os fenômenos socioculturais e artísticos do mundo presente.

A arte é o reflexo do meio social e do mundo e momento presente do artista  e pensador que cria e documenta suas experiências artísticas e para isso, usa suas habilidades e objetos materiais para realizar e veicular sua obra.

Hoje o que vemos é um esvaziamento do “templo” sagrado da arte. Teatros, museus, salas de cinema e centros culturais vazios e há quem veja isso com um certo pessimismo, mas é um reflexo geral em todos os mecanismos de fruição como Igrejas e espaços de estudo e pesquisa.

A sociedade está se configurando por uma ausência de profundidade nas ações e relações humanas. Os relacionamentos todos são rasos e todo o processo dá-se virtualmente. Os processos de trabalho não comporta o produto todo isso quando ele não é também à distancia feito num cubículo no fundo do quintal do operário contemporâneo e o produto realizado já tem prazo de validade.

A proposta de multicultura faz que a aceitação do “Outro” dá-se de forma a não problematizar os processos de formação do seu “fato social” e sim, numa busca de criação de uma colcha de retalhos de diversos costumes de povos diferentes e que tudo se resume em “estilo” e “gosto” a ponto de uma pessoa colocar elementos de outras culturas em seu corpo sem saber o que de fato seja tudo aquilo.

Nesse mundo pluri informático caótico e raso, temos as obras artísticas ocupando todos os lugares propondo um mundo artístico e vivo, porém, ela mesma sem profundidade de reflexão por parte do expectador que na maior parte, torna-se também atuante na busca de obter sensações em contato direto com a própria arte, mas essas sensações, não trazem criação de ideias e fixação de conceitos e até, reflexão dum mundo em contato com o ser, mas um constante sentir, sentir e sentir sem ao menos questionar o por que das sensações vividas.

Dessa forma, a arte do momento presente está em dois extremos, nos territórios da música eletrônica e do funk. Dois espaços onde é criado um caos mesclando o sagrado e o profano regado de drogas (lícitas e ilícitas) que assemelham aos ditirambos gregos e festas, banhos romanos, rituais africanos, mesopotâmicos e indigenas.

A arte do momento presente está lá e o artista de hoje deve olhar nesse grande objeto experiencial e tirar dali seu principio motor da criação artística. Sensações e mundos paralelos entre o sacro santo e o profano é o grande motin da Arte que se faz hoje.